Capítulo V
Vs. 05 Simão respondeu: “Mestre, esforçamo-nos a
noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou
lançar as redes”.
Com os
olhos da fé podemos observar Simão aproximando-se de Jesus quando este deixou
seu barco na praia.
Já não
era o mesmo homem que acabara de lavar as redes. Podia-se notar um breve
sorriso naquele rosto continuamente castigado pelo sol e não mais o desgosto
por uma pesca fracassada.
Ouvira
atentamente as palavras proferidas da embarcação e, olhando nos olhos do
Mestre, o conselho para lançar as redes em lugares mais profundos. É muito
provável que tenha guardado silêncio por algum tempo antes de retrucar.
Podemos
inferir que Simão, tomando coragem, tenha contestado:
–
Senhor... Sou pescador profissional, vivo da pesca e com ela sustento minha
família... Hoje os peixes não estão neste lago embora a maré esteja propícia...
Estamos cansados... Passamos a noite inteira trabalhando... Conseguimos apenas
lixo nas redes...
Esse
diálogo pode não ter sido exatamente assim, porém, hoje em dia, muitos de nós
contestamos Jesus, cada um a seu modo.
Quantas
vezes reclamamos de que nossas tribulações estão pesadas demais? Que o socorro
dos céus está demorando? Quantos de nós já reclamamos que temos fé, e que “não
merecemos” algum fato desairoso que nos aconteceu?
É bem
capaz que, em algum momento, tenhamos reclamado dizendo que fazemos tudo certo,
mas que mesmo assim, continuamos lado a lado com os velhos problemas.
O
pescador reclamou, mas reconheceu seu fracasso. “Não pegamos nada”.
Existia
uma grande diferença entre o Simão que pescara na noite anterior e o que agora
falava com Jesus. Antes, ele não conhecia o SENHOR. Não pescou nada porque
confiou em si mesmo. Estava vazio por dentro... Temos força moral e humildade
suficientes para perfilhar nossos fracassos?
Quantas
derrotas amargamos por pensar que dispomos de capacidade para resolver, sem
ajuda, todo e qualquer problema? Quantas lágrimas secaram em nosso peito quando
a decepção, em tom de deboche, gargalhou esfuziante, mostrando nossa
incapacidade diante de algo que julgávamos fácil de resolver?
Às
vezes, fazer as coisas que nos parecem certas não bastam para nos conduzir à
vitória... Sentimo-nos incompletos O algo que falta, está em Jesus. Em
obedecê-Lo.
Depois
de contestar, Simão refletiu. Deve ter relembrado as palavras ditas por Jesus,
aquelas que o vento se incumbira de agasalhá-las em seu coração. Convicto de
que ouvira apenas verdades, amansou o tom de voz, dobrou os joelhos e, de cabeça
baixa, continuou:
–
SENHOR... Acredito em tuas palavras. Creio em ti, nos teus ensinamentos...
Estou disposto a obedecer.
Não sei
se fez alguma pausa enquanto falava, mas imagino que continuou assim:
– Se
fosse outra pessoa que me mandasse pescar depois do malogro desta noite,
certamente que não lhe daria ouvidos... Mas tu és diferente, sinto verdade e
amor em tuas palavras... Vou obedecer.
Pedro,
mesmo cansado, talvez ajudado por Tiago e João que estavam com ele, recolocaram
as redes no barco, puseram-se ao mar e buscaram águas mais profundas.
Obedecer
significa tomar atitude independente das circunstâncias. Eles se lançaram ao
mar. Olvidaram o cansaço... Esqueceram o fracasso... Obedeceram.
Pr. Antonio Jorge
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