domingo, 2 de junho de 2013

Contestar e Obedecer


Capítulo V

Vs. 05  Simão respondeu: “Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes”.

Com os olhos da fé podemos observar Simão aproximando-se de Jesus quando este deixou seu barco na praia.
Já não era o mesmo homem que acabara de lavar as redes. Podia-se notar um breve sorriso naquele rosto continuamente castigado pelo sol e não mais o desgosto por uma pesca fracassada.
Ouvira atentamente as palavras proferidas da embarcação e, olhando nos olhos do Mestre, o conselho para lançar as redes em lugares mais profundos. É muito provável que tenha guardado silêncio por algum tempo antes de retrucar.
Podemos inferir que Simão, tomando coragem, tenha contestado:
– Senhor... Sou pescador profissional, vivo da pesca e com ela sustento minha família... Hoje os peixes não estão neste lago embora a maré esteja propícia... Estamos cansados... Passamos a noite inteira trabalhando... Conseguimos apenas lixo nas redes...
Esse diálogo pode não ter sido exatamente assim, porém, hoje em dia, muitos de nós contestamos Jesus, cada um a seu modo.
Quantas vezes reclamamos de que nossas tribulações estão pesadas demais? Que o socorro dos céus está demorando? Quantos de nós já reclamamos que temos fé, e que “não merecemos” algum fato desairoso que nos aconteceu?
É bem capaz que, em algum momento, tenhamos reclamado dizendo que fazemos tudo certo, mas que mesmo assim, continuamos lado a lado com os velhos problemas.
O pescador reclamou, mas reconheceu seu fracasso. “Não pegamos nada”.
Existia uma grande diferença entre o Simão que pescara na noite anterior e o que agora falava com Jesus. Antes, ele não conhecia o SENHOR. Não pescou nada porque confiou em si mesmo. Estava vazio por dentro... Temos força moral e humildade suficientes para perfilhar nossos fracassos?
Quantas derrotas amargamos por pensar que dispomos de capacidade para resolver, sem ajuda, todo e qualquer problema? Quantas lágrimas secaram em nosso peito quando a decepção, em tom de deboche, gargalhou esfuziante, mostrando nossa incapacidade diante de algo que julgávamos fácil de resolver?
Às vezes, fazer as coisas que nos parecem certas não bastam para nos conduzir à vitória... Sentimo-nos incompletos O algo que falta, está em Jesus. Em obedecê-Lo.
Depois de contestar, Simão refletiu. Deve ter relembrado as palavras ditas por Jesus, aquelas que o vento se incumbira de agasalhá-las em seu coração. Convicto de que ouvira apenas verdades, amansou o tom de voz, dobrou os joelhos e, de cabeça baixa, continuou:
– SENHOR... Acredito em tuas palavras. Creio em ti, nos teus ensinamentos... Estou disposto a obedecer.
Não sei se fez alguma pausa enquanto falava, mas imagino que continuou assim:
– Se fosse outra pessoa que me mandasse pescar depois do malogro desta noite, certamente que não lhe daria ouvidos... Mas tu és diferente, sinto verdade e amor em tuas palavras... Vou obedecer.
Pedro, mesmo cansado, talvez ajudado por Tiago e João que estavam com ele, recolocaram as redes no barco, puseram-se ao mar e buscaram águas mais profundas.
Obedecer significa tomar atitude independente das circunstâncias. Eles se lançaram ao mar. Olvidaram o cansaço... Esqueceram o fracasso... Obedeceram.

Pr. Antonio Jorge

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