Estava
escuro e trovejando.
Já
havia chovido mais forte, porém
lampejos
ainda cortavam os céus.
Três
cruzes, no topo de um monte, erguiam-se
para o alto
e
delas, três homens pendiam inertes.
A
multidão, que minutos antes ali se fazia presente, havia fugido.
Uns
apavorados, outros gritando como loucos
sem
saber o que fazer ou dizer.
Agora,
neste momento,
apenas
está ali uma mulher
segurando,
pela mão, uma criança.
Estão
paradas em frente
à cruz
central.
Seus
cabelos, em desalinho,
escondem
parcialmente
a
expressão de espanto em suas faces.
O olhar
da criança
parou
estarrecido no rosto do
homem
da cruz central.
Mamãe,
perguntou a garota:
Por que
crucificaram este homem?
Por
que, mamãe?
A
menina ficou sem resposta.
Mãe
acho que conheço este homem!
Olhe
bem para ele.
Aquela
coroa de espinhos
não dá
para esconder aquele olhar
de
bondade que tinha
no dia
em que curou aquele cego.
Por que
essa coroa mamãe?
E com
tantos espinhos?
Ele não
merecia uma de verdade?
Seu
rosto está inchado dos socos que lhe deram, mas, por que ele parece estar quase
sorrindo?
Olhe
mãe,
acho
que é ele mesmo.
Lembra
do dia em que ele curou aqueles leprosos na rua?
Lembra
de como seus olhos pareciam
brilhar?
Não é este mesmo brilho de agora?
Não,
mamãe, não pode ser ele.
Por que
haveriam de matar
na cruz
um
homem que fazia tantos milagres?
Como
poderiam matar
um homem
que só fazia o bem?
Não,
não é ele não.
Mas
mamãe repare bem,
ele não
é muito parecido
com o
homem que nos deu peixe
e pão
quando nós o seguíamos?
Mamãe, ainda
está escuro aqui,
não dá
para ver direito,
mas se
eu ouvisse a sua voz
saberia
com certeza se era ele ou não.
Eu me
lembro muito bem
daquele
dia que eu ainda não enxergava
e eu
ouvi sua voz mandando que eu abrisse meus olhos.
O
primeiro rosto que vi na minha vida
foi o
dele... e era tão bonito...
Não,
não é ele não, mamãe.
Ninguém
poderia crucificar um homem
desses
entre ladrões.
Vamos
mãe, daqui.
Vamos
procurar aquele homem!
Quero
agradecer-Lhe mais uma vez
e
dizer:
Jesus,
eu te amo!.
Pr. Ajorge