domingo, 30 de dezembro de 2012

Tempo de Confiar



Existem momentos na vida em que servir a Deus é relativamente fácil, se tudo nos vai bem, mais fácil ainda.

O problema começa quando algo não ocorre da forma que esperamos, e sem dúvida o nosso primeiro questionamento se volta a Deus. Por que?

 Ora, Deus não tem culpa de nossas adversidades nem das consequências de nossos atos, afinal nos concedeu o livre arbítrio, sem dúvida uma das maiores provas de amor de Deus para com os homens, visto que, assim, ele permite que as suas próprias criaturas abdiquem de adorá-lo.

Mas, se Deus nos ama, porque será que nos permite passar por certas adversidades que nos levam a questionar o próprio Deus? Sei que essa resposta não é fácil, mas não podemos esquecer que vivemos na Terra e até o próprio Jesus quando se fez carne foi tentado de todas as formas por satanás, com a diferença que ele nunca pecou.

As sagradas escrituras no livro de Eclesiastes no capitulo 9 versículo 2 diz: “Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento”. Isto nos mostra que aqui na Terra estamos sujeitos a todas as situações, por mais difíceis que elas sejam.

 Então qual a vantagem de servir a um Deus se somos tão susceptíveis a tudo assim como os ímpios?
A resposta (assim como tudo) está na Escritura Sagrada de Deus, onde por diversas vezes mostra a diferença entre aquele que crê e o que não crê. No evangelho de João é dito “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo." (João 16 : 33).

A grande diferença a favor dos que servem a Cristo, é que em nenhum momento das suas vidas, eles estão lutando sós, ao contrário, Deus vai a frente, no front de batalha e apenas isso já é suficiente para garantir a vitória. O salmista enfatiza que “Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti..... Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.... Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.  Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei. Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação...” (Salmo 91)

Ocorre que, quando estamos sofrendo, ficamos mais inclinados a ouvir a voz de Deus nas nossas vidas, nos voltamos mais a ele, nos humilhamos mais, oramos mais, caímos de joelhos, clamamos. E isso tem um poder de transformação enorme nas nossas vidas, pois nessas horas somos moldados por Cristo, como um vaso na mão do oleiro, direcionando, ou ainda redirecionando nossos caminhos para a verdadeira vontade de Deus nas nossas vidas, seja ela qual for.

Temos que experimentar,  exercitar a fé e a confiança plena em Cristo, realmente entregar os nossos caminhos de olhos fechados, sabendo que no final seremos mais que vencedores pelo simples fato de Jesus nos amar. Em Romanos diz: “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 8 : 37-39)

Que possamos usar as adversidades desse mundo para nos tornarmos vasos nas mãos do Rei, sendo moldados para a estatura de varão perfeito, ungidos do Senhor, e sejamos como os montes de Sião, que não se abalam e permanecem para todo o sempre, porque em Cristo Jesus está a nossa vitória, e a ele seja dado todo o louvor e adoração por seus atos.

Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra. O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”  (Salmo 46 : 10-11).

Quem luta por você, é simplesmente aquele que criou todas as coisas, aquele que acalma os ventos e as tempestades, aquele que traz a existência as coisas que não existem, aquele que venceu o mundo, e pode todas as coisas.

Portanto, aquietai-vos e contemplai o milagre de Deus para a tua vida.
                                                                                                  Antonio Jorge Junior.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A manjedoura


A manjedoura

O povo israelita, que há tempos andava pelo deserto, apresentava mais desânimo que cansaço.
Trôpego, quedou-se às margens do Mar Vermelho. A face das muitas mulheres e crianças estampava o mesmo pavor que a dos homens valentes de guerra. A esperança de chegar à Terra Prometida esvaíra-se mesclando-se à areia do deserto.
Apenas o cântico macambúzio da derrota, emitido por corações acovardados, ecoava taciturno em conluio com o bramir das ondas do mar.
Guiados por Moisés, fugiam da escravidão humilhante do Egito, país no qual serviram como amimais a um governante supremo, cujo coração endurecido não conhecera a José, filho de Jacó, filho de Isaac, filho de Abraão.
A escapada terminara ali. Diante deles o Mar Vermelho. Atrás, o exército sanguinário do faraó que os perseguia. Nesse momento, entre lamúrias e queixas, antevendo a derrocada final, lembrou-se o povo do Deus de seus pais.
Em uníssono um brado de socorro ao Criador alcançou as nuvens dos céus.
Aqueles homens tentaram deixar o problema da escravidão no passado, mas foram seguidos de perto por ele.
Este fato se assemelha a muitos hoje em dia. Quantos de nós tentamos nos livrar de dificuldades deixando-as para trás, esquecidas, e não conseguimos?
Problemas não resolvidos permanecem... Não se diluem no tempo... Acompanham-nos sempre. São como o exército de faraó em nossos calcanhares.
Quando encurralados, o grito de socorro é iminente. Mas a quem recorrer? A quem reclamar? Inicialmente clamamos por Deus, porém nossas atitudes refletem isso?
Os israelitas, cercados pelo mar e pela hoste do faraó, clamaram pelo SENHOR, mas procuraram Moisés para reclamar e culpá-lo por aquela situação. Disseram: “Não havia túmulos no Egito? Por que nos trouxeste para morrer no deserto?”.
Não extinguiremos um problema jogando a culpa em alguém. Ele continuará existindo, mesmo assim. A melhor maneira de resolvê-lo é enfrentando-o. Um dia, muitas vezes quando menos esperamos, chega a hora do confronto.
Nesse dia da batalha, o povo de Deus sentia-se derrotado, sem nenhuma perspectiva de vitória. Entre lágrimas de pavor e covardia declararam a Moisés: “Deixe-nos em paz! Seremos escravos dos egípcios! Antes ser escravos dos egípcios do que morrer no deserto!”.
Hoje pode ser o dia no qual obrigatoriamente teremos que batalhar com esse problema que nos persegue há tempos. Como estamos nos sentindo? Acovardados? Derrotados? Deixamos de ter esperança no Deus que por muitas vezes já nos socorreu? De que tamanho está a nossa fé?
Quando desistimos de uma batalha, seja qual for, pelo resto da vida teremos que nos acomodar à lama do sofrimento que nos cerca. Declaramos a todos, e principalmente a nós mesmos que somos covardes... Que preferimos nos arrastar pela vida que não é nossa, mas que nos foi imposta pelo inimigo.
Na hora da angústia, é preciso olhar para dentro de nós mesmos e buscar o último lampejo da vela que um dia iluminou nossas vidas. Esse chispo, esse derradeiro brilho que nunca nos desampara é Jesus, o SENHOR dos senhores.
Quando tudo está aparentemente perdido, quando nada nos favorece, quando todos já te chamam de inútil, busca no fundo do coração aquela velha manjedoura que foi esquecida ao longo do tempo. Oferece-a para Jesus... Deixa que Ele nasça em teu coração... Esse coração que foi transformado traiçoeiramente em estrebaria haverá de tornar-se alegre e destemido.
Com certeza, nesse dia receberás um cajado, semelhante ao de Moisés, e atravessarás o “mar vermelho” dos teus problemas a pés enxutos.
                                                                                                               Pr. Ajorge

domingo, 23 de dezembro de 2012

A lágrima


         O velho, trôpego, andou em direção a pouca luz que atravessava a janela. O vento que soprava leve sacodindo a cortina branca, já um tanto empoeirada, acariciando-o, visitou carinhosamente cada ruga de seu rosto macilento.
         Com as mãos trêmulas, magras, quase sem forças apoiou-se no parapeito. Os olhos, já com o brilho roubado pelo tempo, procuram distinguir a paisagem melancólica que se desenhava no horizonte.
         Não lhe viu nítido o rosto, mas percebeu e escutou o som do sorriso de uma criança que passava rotineiramente, às pressas, por aquele local, sempre às mesmas horas. Tentou esboçar uma reação de alegria. Esse menino, que todos os dias sobrevinha, o chamava carinhosamente de vô.
         Não era seu neto de sangue, mas por tantas vezes ter sido chamado assim, o guardara como tal no coração.
         Vez por outra o infante parava ao pé da janela e os dois trocavam palavras ligeiras. Conversavam por breves minutos até que, segurando a sacola na qual guardava os livros didáticos, partia rapidamente em direção à escola.
         O tempo passava ora se espreguiçando, ora voraz, e o menino continuava a oferecer aquele sorriso e o cumprimento que lhe fazia tão bem a alma: “Bom dia vô!”.
            Um dia, os olhos cansados do vô não viram mais os olhos alegres do menino.
            O relógio continuou insistente no seu caminhar por longos anos.
         Aquela mesma cortina branca, já bem mais empoeirada e quase aos pedaços, voltava a ser embalada talvez pela mesma brisa de tempos atrás, presenciou quando um jovem bateu à porta da casa. Sem resposta, insistiu até que ouviu o caminhar lento de alguém que já mal podia arrastar suas sandálias.
        A porta se abriu devagar... O mesmo velho estava ali não mais debruçado na janela, mas olhando firme nos olhos do visitante...
         – Vô? Lembra-se de mim?
         A resposta se deu em forma de sorriso. O abraço veio depois. Juntos, em volta de uma velha mesa de madeira, tomaram café.
         O moço falou com alegria:
      – Vô, segui os conselhos que me deu. Estudei, cursei faculdade, constituí família... Porém, voltei para lhe agradecer o que de melhor e mais importante o senhor fez por mim: ensinou-me quem é Jesus e a amá-Lo sobre todas as coisas. Obrigado.
         A porta se fechou depois que o jovem senhor saiu. Ninguém viu as lágrimas que regaram o sorriso mais feliz que aquele rosto macilento já viveu.
Pr. Ajorge

sábado, 15 de dezembro de 2012

Onde Está o teu Irmão?


     Vento suave, nuvens brancas brincando nos céus, campo aberto em clareira velavam um altar de pedras construído para adoração ao SENHOR.
         Entre folhagens extremamente verdes, balançando ao sabor da brisa, alguns raios do sol ousavam atravessá-las e aquecer o solo resfriado pelo orvalho da noite que se despedira, melancólica, há pouco.
      Dois irmãos caminhavam em direção ao local santo conduzindo oblações ao CRIADOR. O mais velho, Caim, levava consigo frutos da terra enquanto que Abel, com júbilo, carregava nos ombros um cordeiro, o melhor de seu rebanho e as gorduras de suas ovelhas.
     As ofertas foram assentadas sobre a pedra ara. Os dois sacrifícios foram apresentados a Deus.
Como aroma suave a doação de Abel, em forma de fumaça mesclou-se às nuvens do céu em airoso louvor. A dádiva de Caim permaneceu estática, inerte sobre a pedra.
É muito provável que Abel ainda estivesse de joelhos, orando, quando Caim intentou matá-lo. Muito mais crível é que seu sangue tenha sido derramado bem próximo daquele altar.
O SENHOR aproximou-se do fraticida e inquiriu: “Onde está teu irmão Abel?”.
Essa é mais uma pergunta, que ecoa vencendo séculos, feita pelo CRIADOR, e que nunca deixará de ser reiterada.
No resumo da Santa Lei está escrito: “Amar a Deus sobre todas as coisas, de todo o coração, com todo teu entendimento, com toda tua alma, e ao próximo como a ti mesmo”.
O ódio apoderou-se de Caim porque sua oferta não foi aceita como fora a do seu irmão. Comportamentos distintos em relação ao Senhor movem a Sua mão de maneira desigual.
Temos consciência do que, e como ofertamos algo a Deus? Que tipo de vida, hoje, estamos deitando aos seus pés?
Como responderíamos, neste momento, a essa pergunta? Assim como Caim, que disse: “Não sei. Acaso sou o guarda de meu irmão?”.
Tudo começa quando cedemos às tentações do inimigo e desobedecemos a Deus. Nossas ofertas não são mais as mesmas, empobrecem... Isso gera no espírito morto pelo pecado, sentimentos diversos, escusos, incontroláveis... Deixamos de nos importar com nossos irmãos. Gradativamente os perdemos de vista.
Passamos a nos inquirir quem é o nosso próximo. Com o entendimento embotado, entenebrecido pelo enganador, a distância entre nós e a PALAVRA DE DEUS aumenta, agiganta-se. Nossas ofertas tornam-se cada vez mais raras, escassas... Impuras.
Quando não sabemos onde está nosso irmão, o mundo fecha-se em volta de nós mesmos tornando-nos egocêntricos e cada vez mais sozinhos.
Que oferta levaremos ao altar de Deus se, de maneira consciente, somos capazes de passar, indiferentes, ao lado de alguém que, recusado pela sociedade é lançado em uma sarjeta miseravelmente implorando por socorro?
Onde está meu irmão? Como posso estender-lhe a mão se não sei onde está? Será que não está dentro da minha própria família esperando que eu lhe mostre o caminho que é Jesus?
Abel levou ao SENHOR do melhor que possuía. Ofertou com alegria... Com amor... A melhor dádiva que podemos depositar no altar em adoração é nossa própria vida... Um coração contrito Ele não despreza...
Caim ofertou. Acredito que estava apenas cumprindo um ritual ou tentado barganhar com Deus. Não foi a oferta que o SENHOR recusou, mas a maneira de como ele ofertou... De coração vazio.
Onde está meu irmão... Quem é o meu próximo... Que preciso fazer para, junto com meus sacrifícios, as petições que guardo no peito cheguem ao SENHOR?
O Deus que servimos não está entre nuvens distantes nos céus. Ele é um Deus presente, onipotente, mas justo. Não se agrada em punir... Prefere receber nossas oferendas e nos reconhecer como filhos.
Na vida, todos caminhamos em direção ao maior dos altares que está aos pés do SENHOR. Precisamos que o rastro deixado pelo nosso caminhar seja, inteiro, colocado sobre esse local de sacrifício.
Poderemos então responder ao CRIADOR quando Ele perguntar a cada um de nós: “onde está teu irmão?”
– Estão aqui comigo à teus pés, com exceção daqueles que, infelizmente, não quiseram ouvir Tua PALAVRA.
                                                                               AJorge