domingo, 29 de setembro de 2013

O senhor rico


O Andarilho
CAPÍTULO I

O senhor rico

Já com dificuldades o menino caminha. Veio de longe... muito longe. Não sabe para onde aquela rua o leva. A calçada de pedras machuca cada vez mais seus pés doridos. A luz do dia desmaia cálida nos braços da noite. O vento, soprando mais forte, mais frio, sacode a blusa fina, rota e desbotada que lhe recobre parcialmente as costas.
Com as mãos cruzadas, braços dobrados contra o peito, tenta em vão agasalhar-se. A ansiedade de não ter destino certo parece não perturbar-lhe. Quer apenas um lugar para ficar e aquecer-se.
Consegue andar mais alguns metros. As luzes que clareiam um amplo jardim chamam-lhe a atenção. A casa grande, branca, imponente, parece solitária no meio de tanto verde. Uma grade de ferro, muito alta, bem trabalhada em adornos, abraça por completo aquele local. Alguns insetos, ofuscados pela luz, dardejam contra os holofotes. O menino aproxima-se do portão. Com o rosto magro encostado na grade tenta divisar alguém. A dor de estar mais um dia sem comer já o incomoda bastante.
Um carro luxuoso pára muito próximo. O portão abre-se por um comando eletrônico e dá-lhe passagem. Assustado, o menino afasta-se um pouco. Um homem, segurando um cachorro, desce do veículo, aproxima-se e pergunta:
– Ei, garoto, que queres aqui!?
– Desculpe senhor! Estava passando, vi esta casa tão bonita, cercada por esse jardim todo iluminado, fiquei só olhando.
– Tu tens pai, garoto?
– Tenho sim, senhor, está no céu.
O homem o fitou mais atentamente. Sentiu naqueles olhos fundos, mas alegres, algo diferente dos outros mendigos. Pensou por alguns momentos. Falou:
– Estás com fome?
– Senhor, hoje ainda não comi.

         O homem encurtou a coleira do cachorro prendendo-o mais perto de si. Aproximou-se de um portão menor, abriu-o devagar. Com um aceno de mão fez com que o garoto entrasse.

– É a primeira vez que passas por aqui?
– É sim, senhor, desculpe se incomodo.
O cachorro emitiu um grunhido dócil, sacudiu a cauda, aproximou-se, e num pulo, colocou as patas dianteiras nos ombros do menino como se quisesse abraçá-lo.
– Tens certeza de que não andas rondando esta casa há mais tempo? Meu cão foi treinado para atacar qualquer estranho que se aproxime, mas parece que gostou de ti. Vamos entrar, vem comer um pouco.
         O homem não percebeu o sorriso nos lábios pálidos da criança, muito menos notou que aquele coraçãozinho bateu mais acelerado. Em muito tempo, era a primeira vez que era convidado para entrar em uma casa.
         Caminharam juntos através de uma vereda que os levou à porta da casa. Assim que entraram, uma criada aproximou-se:
– Senhor, quer que chame os seguranças? Este menino está lhe importunando?
Com um gesto paterno afagou com as mãos a cabeça do garoto recomendando:
– Está tudo bem! Pega no quarto do André algumas roupas, toalhas e tudo mais que for preciso. Providencia um bom banho para meu hóspede. Hoje ele vai jantar conosco assim que estiver arrumado.
         A criada saiu para cumprir as ordens sem entender absolutamente nada. Era a primeira vez que, em alguns anos, uma criança entrava naquela casa.
        O homem dirigiu-se ao bar, colocou em um copo algumas pedras de gelo, afogou-as em conhaque, tomou um gole bem pequeno e desviou o olhar para um retrato que encimava o piano de cauda. O sorriso da criança ali estampado arrancou um par de lágrimas dos olhos rudes daquele homem. Era André, seu filho de 10 anos, falecido havia pouco tempo.
        Sozinho naquela sala ricamente decorada, sentou-se no sofá de couro, ligou a televisão, descansou os pés em uma banqueta, apertou o copo entre as mãos, e de um gole sorveu o conhaque até a última gota. Pelo menos mais duas doses generosas da bebida foram consumidas antes que o menino descesse pela escada de granito que unia o segundo andar da casa à sala.
         A criada deixou-os a sós, anunciando que serviria o jantar em seguida.
Sentado como estava, o homem fitou aquela criança por instantes, em silêncio. Olhou-a dos pés à cabeça esboçando um sorriso fugaz. Não conseguiu falar na primeira tentativa. Com a voz embargada tentou de novo:
       – Eu tive um filho assim como tu. Um dia, em um acidente de carro, ele morreu junto com a mãe. Desde então moro só aqui nesta casa. Meu melhor e único amigo nesta vida é aquele cachorro que quase te abraça no jardim. Quantos anos tens?
Desajeitado, tentando acostumar-se às roupas que lhe deram para vestir, olhou nos olhos do homem que o abrigara e afligiu-se.
        – Senhor, por que estas lágrimas em seus olhos? Por que esta tristeza? Eu tenho dez anos, mas já sei quando alguém está muito triste.
        – Dez anos...era essa a idade do André. Até hoje eu o vejo estendido no asfalto sangrando, bem ao lado da mãe. Foi tudo tão de repente...
        – Senhor, seu filho está no paraíso, com Deus. Não fique assim tão amargurado. Meu pai ensinou-me muito a respeito das coisas de Deus.
       – Deus? Eu não acredito em Deus! É pura fantasia! Que Deus é esse que deixa uma criança morrer em acidente de carro?
O menino calou-se por um momento. Desviou a vista de seu olhar. Fitou o copo que o homem agitava em círculos na mão, fazendo tilintar o gelo. Quando seus olhos se cruzaram novamente, a face do homem cobriu-se de agonia e suor.
     – É verdade que eu havia bebido antes de dirigir, mas eu sabia o que estava fazendo. Eu sabia sim...
       – Tudo o que meu pai me ensinou está na Bíblia. O Senhor tem uma?
     – Deve ter uma perdida aí pela biblioteca. Mas não perco meu tempo com esse tipo de leitura. Tenho muitas empresas, muitas coisas para fazer, sou extremamente ocupado. Meu tempo é dinheiro. E tu, pelo visto, acreditas nesse Deus? O que ele te dá? O que tens?
    – Amor... Deus me dá amor, muito amor, e apesar de tudo, Ele ama o senhor também. Foi Ele que me deu a alegria que sinto no peito, essa mesma alegria que me faz feliz nesta vida.
   – Estás me dizendo que és feliz? Tu que ainda há pouco me disseste que estavas com fome? Que felicidade é esta?
   – Senhor, aprendi que a felicidade não se mede pelo patrimônio que se tem, mas sim pelo que sentimos dentro do coração. Quem acredita em Deus e O serve sente paz interior, mesmo em meio a tribulações. Quando se confia no Senhor Deus, tudo acaba bem.
     A conversa foi interrompida pela criada, que anunciou o jantar servido. O menino parou de falar, arrumou a gola da camisa e, sem jeito, seguiu o homem que caminhou até outra sala sentando-se à cabeceira de uma mesa grande demais para apenas dois lugares servidos. A comida podia matar a fome de várias pessoas. Em seguida ordenou:
     – Senta aqui ao meu lado. Come, depois continuaremos nossa conversa a respeito do teu Deus.
Os pratos de porcelana reluziam. Os talheres refletiam o arco-íris produzido pelos candelabros de cristal pendurados ao teto. O menino não ousava tocar em nada.
A criada, percebendo o embaraço da criança, inquiriu:
– Posso servi-lo, senhor?
       Os olhos do menino brilharam ante tanto alimento. Um sorriso maroto desenhou-se em seus lábios. Com as mãos magras, mas firmes, conseguiu levar à boca uma porção da iguaria em seu garfo. Mastigou devagar e, de pouco em pouco continuou, saboreando prazerosamente o alimento até o fim. Algo doce, servido como sobremesa, completou aquele lauto jantar.
O homem, após enxugar a boca com o guardanapo, disse sorrindo ao menino:
     – Preferes continuar nossa conversa a respeito do teu Deus agora ou amanhã de manhã? Deves estar cansado, pois andaste o dia inteiro aí pelas ruas.
     – Senhor, quando se trata de falar do Deus que é de todos, mesmo daqueles que dizem que não acreditam, o momento é agora.
     Os dois subiram as escadas; caminharam até uma sala de estar próxima à biblioteca. O homem não escondeu o sorriso diante da determinação do menino. Sentaram-se em poltronas de maneira a ficar frente a frente.
     – Fala-me desse teu Deus que não vejo; que deixa crianças morrerem em acidentes de carro; que deixa tanta gente com fome, sem casa e outras coisas mais.
     – É muito fácil, senhor, atribuir coisas ruins a outros, principalmente quando nós mesmos somos os responsáveis. Deus, quando nos criou nos fez perfeitos, à sua imagem e semelhança. Nos amou muito e só quis amor em troca. Mas o homem O ofendeu, pecou, deixou-se enganar pelo satanás; acabou expulso do paraíso. Deus nos deu o livre arbítrio. Podemos escolher o que fazer, porém somos responsáveis pelas conseqüências de nossos atos. Por exemplo, o senhor acaba de acender um cigarro. Já vi, na televisão, que o cigarro causa doenças no pulmão. Caso o senhor adoeça a culpa vai ser de Deus? Já vi anúncios mostrando que quem bebe não pode dirigir carro. Quando acontece um acidente envolvendo alguém que estava dirigindo após beber, a culpa também é de Deus?
     O homem que escutava atento tossiu, ajeitou-se na cadeira, esmagou o cigarro no cinzeiro de prata e perguntou:
     – Estás insinuando que fui o culpado pelo acidente que vitimou meu filho?
  – Não, senhor! Estou tentando dizer que sempre teremos que arcar com as conseqüências de nossos atos. O Deus que nos criou é um Deus de amor, e não alguém cruel que fica se vingando de tudo de mau que possamos fazer.
    – Foi teu pai que te ensinou isso? Que histórias existem mais na Bíblia falando de Deus?
     O menino alegrou-se por ter despertado, naquele homem, interesse pela Palavra de Deus.
         – A Bíblia conta a história de como Deus criou o mundo; como nos criou à Sua imagem e semelhança. Conta a história de seu povo e como, num gesto de amor supremo, mandou seu próprio Filho para nos redimir de todos os pecados; de como foi morto em uma cruz. A única coisa que Deus quer de nós é o amor. Quando se ama esse Deus de bondade, tudo muda na vida da gente. Aprendemos a perdoar também e somos felizes.
     – Esse teu Deus pode perdoar qualquer pecado? Qualquer um mesmo, por pior que seja? Ele pode tirar do coração da gente uma tristeza profunda?
     – Deus pode tudo isso e muito mais. A vida que Ele oferece é eterna. Está escrito na Bíblia, que é a Sua própria Palavra: “Todo aquele que n’Ele crer e for batizado, terá a vida eterna”. Quando nos arrependemos verdadeiramente de ter pecado e pedimos perdão, Ele não só nos perdoa como nos acolhe como filho. Faz assim como o senhor fez comigo. Eu estava com frio e o senhor me deu agasalho, estava com fome e o senhor me deu de comer, estava com sede e o senhor me deu de beber. Só tem uma diferença: quando se recebe alimento das mãos de Deus, jamais se sente fome, frio ou sede de novo.
   – Quer dizer que se eu acreditar em Deus, pedir perdão pelas coisas erradas que fiz, Ele se torna meu pai também? Vou procurar a Bíblia de que falas e ler com calma. Por hoje, já conversamos muito, amanhã continuaremos. Já mandei arrumar o quarto que era do meu filho para dormires. Vai descansar.
    Os dois caminharam juntos até o quarto do menino. O homem desejou-lhe boa-noite e seguiu só por um longo corredor.
     O dia amanheceu. A mesa do café foi posta. O homem sentou-se solitário. A criada, aproximando-se, informou:
    – Senhor, o menino foi embora bem cedo. Vestiu as roupas que tinha antes de chegar aqui, deixou as do André em cima da cama e saiu.
    – Ele deixou algum recado para mim? Exclamou nervoso!
    – Disse que o ama muito, e que todas as coisas que o senhor precisa podem ser achadas na biblioteca.
    O homem tomou café rapidamente. Num sorriso, que há muito tempo seu rosto não sorria, disse à criada:
    – Vem, vamos procurar um livro na biblioteca...
Pr. Antonio Jorge
ajorgefs@gmail.com

domingo, 22 de setembro de 2013

O Andarilho




a partir de hoje, passaremos a pulicar o Livro O Andarilho, que com certeza tem muito a contribuir com o crescimento espiritual de todos !!
Boa Leitura!!

Introdução

         Desde muito cedo busquei ser feliz, como todo ser humano. Busquei de muitas formas.
         A primeira ideia de felicidade normalmente vem atrelada à posse de muitos bens. Entre os inúmeros conselhos paternos, estudando, eu poderia conquistar muitas coisas.
         Estudar, conquistar bens materiais, ser alguém de destaque na sociedade, nada disso é errado, porém depois dessas conquistas, ainda restará aquela sensação de estar faltando algo. Alguns chegam a dizer que a felicidade nunca é completa... Disso eu discordo.
         Seguindo conselhos dos meus pais, concluí meu primeiro curso superior (Químico Industrial) pela Escola Superior de Química do Pará. Para aumentar as possibilidades de ganho financeiro, fui ao Paraná, e pela Universidade Federal desse estado, fiz pós-graduação em Bioquímica. Após três anos defendi tese. Voltei para Belém com o honroso título de Mestre em Bioquímica.
         Por concurso público, ingressei na Universidade Federal do Pará como professor de Bioquímica. Para aumentar mais ainda o ganho financeiro, correndo atrás de felicidade, de sociedade com um médico, montei uma fábrica de vinagre.
         O ganho financeiro cresceu, o conforto aumentou, mas eu sentia que ainda havia um vazio que não me deixava ser feliz completamente. Pensei em mais dinheiro. Assumi a chefia do Laboratório de Bromatologia do Estado, a responsabilidade como Bioquímico pelo Banco Central de Belém, e ainda, para melhorar o orçamento, dava aulas de Química em cursos de vestibular. Preenchi todos os meus dias, menos o vazio que persistia dentro de mim.
         Um dia, conheci uma aluna linda que cursava o primeiro ano de Medicina. Depois de dois anos de namoro ela tornou-se minha esposa.
         Certa vez, em conversa com ela, desabafei: “sou feliz contigo, vivemos com relativo conforto, não brigamos, nossos filhos são sadios, mas acho que me falta algo para que eu seja feliz por completo”. Lembro-me muito bem do que respondeu:
         – Eu sei o que te falta... Vem comigo na minha igreja que lá encontrarás.
         Achei graça. Disse-lhe que já era temente a Deus.
         Quanto mais os dias se passavam mais eu buscava ser feliz através de conquistas financeiras. Resolvi fazer vestibular para Medicina apesar de meus trinta e três anos. Logrei aprovação, cursei, e como médico fiz residência em Anestesiologia. Passei a ganhar mais dinheiro, porém não o suficiente para preencher o tal vazio que continuava comigo.
         Resolvi saber por que minha mulher era mais alegre e mais tranquila que eu.
Na igreja que ela frequentava, fui apresentado a um Deus que eu já pensava conhecer. Aceitei-O como Senhor e Salvador de minha vida. A partir desse momento, percebi que o vazio que havia em mim desaparecera, pois ele era do tamanho do Deus que passou a viver em mim.
         Passamos a frequentar a CEIA, Comunidade Evangélica Integrada da Amazônia, desde seu embrião. Fiz parte da primeira turma do Curso de Teologia.
         Como Diácono e médico anestesiologista, escrevi meu primeiro livro: “CONFIDÊNCIAS DE UM MÉDICO”, onde relato algumas das muitas experiências que tive com esse Deus maravilhoso, nas salas de cirurgias.
         Como Pastor que hoje sou, escrevi este livro de contos para mostrar que Deus se preocupa com cada um de nós com o mesmo amor e atenção.
         Gostaria de ajudar a todos com esta obra, O ANDARILHO, mostrando que o vazio das almas só pode ser preenchido pelo Deus eterno e Pai que nos criou.
         Como Pastor que sou, quero um dia chegar aos pés do Senhor e que minha vida tenha servido para testemunhar que a felicidade completa existe: é só colocá-la inteira aos pés de Jesus.


Pr. Antonio Jorge

domingo, 15 de setembro de 2013

Os passos da vitória.


Capítulo 09
Os passos da vitória.

         Neste texto, que narra a cura de Bartimeu, o cego de Jericó, além de mostrar diferentes grupos de pessoas, Deus nos ensina, com nitidez, o caminho que devemos trilhar para alcançarmos vitória em qualquer escopo de nossas vidas.
         O primeiro passo a ser dado é o passo do QUERER.
         É, sem sombra de dúvidas, determinante para alcançarmos o alvo apontado. Devemos saber o que pedir a Deus. Ele é quem sabe o que é melhor para nós.
         Somos levados a peticionar ao SENHOR em função das circunstâncias que estamos vivenciando.
Às vezes, a súplica é pelo relacionamento conjugal desgastado ao longo de anos de incompreensões e desencontros; ora pelo filho que se deixou levar pelas drogas, ou por melhoria da situação financeira, pela cura de uma doença traiçoeira, por muitas outras coisas, e é com frequência que nos esquecemos de clamar por uma intimidade maior com esse Deus ao qual confiamos nossos impetrados.
O cego de Jericó queria recuperar a visão. Ele focou como alvo, como meta prioritária, reaver o que lhe fazia mais falta no momento. Queria desfrutar da luz do dia outra vez, não só pelo fato de ver de novo, mas sim, para mudar de vida.
Sentado à beira do caminho ele esperava... Ansiava confiante pelo momento certo, pois acreditava que seria vencedor... Ele ouvira falar de Jesus... E creu.
Bartimeu sabia que não bastava QUERER, este seria apenas o passo inicial para a vitória. Sabia que sua rogativa ao SENHOR não feria as suas leis, os seus mandamentos... Teria que dar o segundo passo... Precisava TOMAR ATITUDE.
Um dia, ouviu o vozerio de uma multidão que se arrastava barulhenta e se aproximava do local onde, paciente, auferia seu sustento. Possivelmente gritos eufóricos, clamores em altos brados, lamentos que se misturavam a choros em desespero, intuíam que passava, naquele momento, alguém muito importante.
Chegara a hora de tomar uma atitude, de dar o segundo passo para a vitória. Bartimeu, quando soube que era Jesus que passava, num ímpeto declarou-se seu servo. A súplica que bradou, “JESUS tem piedade de mim”, é uma expressão messiânica. Bartimeu estava expondo, em altos brados, que cria que JESUS era o Messias; que Ele era o Filho de Deus.
O pedinte sentiu que não poderia ficar mais tempo parado à beira de um caminho insólito que só o levaria à terra da desesperança, da amargura. Chegara a hora de abraçar a atitude que o levaria à vitória. Levantou-se... Encheu-se de coragem... Dispôs-se a lutar para alcançar o que almejava.
Agora estamos diante de um Bartimeu que quis recuperar a visão e tomara a atitude de declarar-se servo e crer no SENHOR. Precisava dar mais um passo crucial... ENFRENTAR OBSTÁCULOS.
Bartimeu estava em pé à beira do caminho e Jesus, mais ao longe, cercado pela multidão. Como chegaria até Ele?
Isso acontece conosco hoje em dia. Cobiçamos algo que muitas vezes cremos impraticável. Tomamos a atitude de clamar ao Deus Todo-poderoso, pois confiamos que Ele pode nos aprovar, mas o terceiro passo exige que tenhamos forças para vencer obstáculos.
O primeiro passo, embora decisivo, é o mais fácil de dar. Basta querer.
A segunda etapa em busca da vitória se torna um pouco mais difícil, pois depende de força de vontade.
Quero passar em um concurso para melhorar financeiramente. Já tomei a atitude de deixar festas, reuniões de fins de semana e outras coisas prazerosas para estudar?
Quero que minha casa se torne um lar feliz. Já tomei a atitude de convidar Jesus para ser o meu advogado? Já pedi perdão para o cônjuge de algo que fiz e o desagradou ou ofendeu?
Quero que meu filho renuncie as drogas. Já o adverti com amor e lhe disse que, apesar de tudo, o amo e acredito em sua recuperação? Tenho lhe falado do amor de Cristo?
O “querer” deve ser seguido pelo “tomar atitude” e o “tomar atitude” pelo “enfrentar obstáculos”.
Entre Bartimeu e Jesus havia uma multidão. O que me separa do SENHOR? A timidez de se dizer seu servo diante de outras pessoas? A falta de fé por achar-se indigno de receber a bênção pedida? A falta de conhecimento da Palavra de Deus?
Lendo a Bíblia Sagrada podemos encontrar em Fl. 4:13 “Tudo posso naquele que me fortalece”. Se creio nisso, tenho certeza de que o Deus maravilhoso e companheiro que está comigo me dará forças para vencer qualquer obstáculo.
Em Seu nome terei forças para romper as barreiras da timidez, terei ímpeto suficiente para, assim como Bartimeu, chegar até Jesus e expor meu pedido diante dele. Ouvirei o SENHOR me perguntar: “o que queres que eu te faça?”.
O cego de Jericó queria recuperar a visão. Eu responderei sem pestanejar: quero meu lar de volta, meu filho longe das drogas, melhorar financeiramente, mas quero, acima de tudo, manter no meu coração a alegria de Te servir por toda a minha vida. Quero ter sempre mais e mais intimidade contigo, SENHOR.
A VITÓRIA se concretiza quando chegamos até Jesus, abrimos o coração para Ele fazer morada permanente.
Esses são os passos para alcançarmos o triunfo, para atingirmos nossa meta, abordarmos nosso alvo. Porém, ainda falta mais um passo: PERSEVERAR.
Quando alcançamos nosso alvo, quando conquistamos a bênção tão desejada, não devemos esquecer-nos do ABENÇOADOR. Devemos agradecer sempre, ao Deus bendito, onipotente, onisciente, onipresente que nos permitiu QUERER, TOMAR ATITUDE e VENCER OBSTÁCULOS.
A cada um de nós, abençoados, caberá então PERSEVERAR.
Ouve, nesse momento, tu que queres alcançar uma bênção, que já tomaste a atitude de buscar aquele que tudo pode, que é o único caminho, que já venceste os obstáculos que te separavam Dele, a pergunta de Jesus:
“QUE QUERES QUE EU TE FAÇA”?
Pr. Antonio Jorge

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domingo, 8 de setembro de 2013

O grupo de Decididos


Capítulo 08
Grupo dos decididos

41 “O que queres que te faça?” Ele respondeu: “Senhor, eu quero ver de novo”.

         O cego de Jericó estava diante de Jesus. Venceu as mais diversas barreiras, mas agora estava ali. A basilar batalha vencida, sem dúvida alguma, foi a que travou consigo mesmo. Esquadrinhando a própria vida, mergulhado em suas memórias, admitiu erros, entristeceu-se por eles, e quedou-se de joelhos aos pés do Mestre em súplica de perdão.
Enfrentar a própria verdade de maneira consciente, com resignação, leva ao caminho do arrependimento. É necessário reconhecer os deslizes e, sem desculpas, assumi-los.
Adão, quando interpelado pelo Senhor, pretendeu culpar Eva por ter-lhe dado a comer o fruto proibido. Tentou a transferência do erro para livrar-se do castigo.
Não podemos enganar a Deus. Bartimeu sabia disso...
O fato de estar tão perto de Jesus já o fazia mais que vencedor, tornava-o íntimo como um amigo mais chegado.
Ao chamá-Lo de Filho de Davi, extravasou um pedido sincero de perdão. Jesus o chamou porque já o havia perdoado.
A primeira procura de Bartimeu foi pelo reino de Deus e sua justiça. Quando O achou, teve a certeza de que muitas outras coisas seriam acrescentadas à sua vida.
Jesus lhe fez a pergunta. “O que queres que te faça?”
Tornou-se impossível agora descrever o sorriso que o cego alargou. Não respondeu de imediato. Levou alguns momentos pensando.
Quantas coisas a vida havia lhe roubado! Quantas vezes havia sido enganado por acreditar em promessas vãs... Perdera a alegria, a vontade de viver, sonhos da adolescência, sempre em busca de prazeres efêmeros, irreais que se esvaeceram como fumaça ao vento.
Na presença de Jesus, pelo perdão recebido, teve a oportunidade de um recomeço.
Bartimeu passou a fazer parte do grupo dos decididos que são aquelas pessoas que traçam metas, lutam por elas e as conquistam.
Depois de apossar-se do perdão, finalmente respondeu:
– Senhor, eu quero ver de novo...
Entre outras coisas, Bartimeu recuperou imediatamente a visão.
O que o inimigo nos roubou traiçoeiramente e que precisamos recuperar?
Será que ainda guardamos no peito a alegria da salvação? Ainda sentimos júbilo quando vamos à Casa do SENHOR?
De que tamanho está o meu sorriso, se é que ainda sorrio? Alguém pode facilmente descrevê-lo? Que caminhos temos escolhido para trilhar? Quando foi a última vez que nos sentimos regozijados por voltarmos para casa, para abraçarmos nossos irmãos? Acaso recordamos ainda quando dissemos, pela última vez, filho, filha, esposa, eu te amo? Há quanto tempo atrás foi que uma lágrima de contentamento passeou em nosso rosto?
Estaremos sempre diante de Jesus pelo arrependimento e sem dúvida Ele repetirá a pergunta feita a Bartimeu: “O que queres que te faça?”.
Deus nos deu o livre arbítrio para respondermos esta e tantas outras perguntas... Será que Bartimeu, como cego, enxergava mais que nós?
Pr. Antonio Jorge

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domingo, 1 de setembro de 2013

Grupo dos Eleitos


07 Capítulo
Grupo dos Eleitos

Vs. 40a “Jesus parou e ordenou que trouxessem o cego até ele”.
         Certa vez, um homem, doutor da lei, perguntou a Jesus para testá-Lo: “Mestre, o que devo fazer para alcançar a vida eterna?”.
         Até hoje repetimos essa questão, uns aos outros, em busca de uma resposta convincente. Todos almejam viver eternamente com Deus, porém somente alguns estão dispostos a abraçar o caminho que a verdadeira resposta impõe.
         Jesus, o Mestre, demonstrando amor infinito por cada um de nós, nos responde paciente, muitas vezes e de várias formas. Ele quer que todos entendam... Que todos sejamos salvos.
Na trajetória do cego de Jericó até Jesus, identificamos vários grupos de pessoas, desde aqueles que ficam satisfeitos com a mediocridade da mesmice de uma vida fútil, sem frutos dignos, até os que vencem os escarnecedores pela persistência.
O grupo dos eleitos é representado pelos que ouvem Jesus, escapam da beira do caminho, deixam a curiosidade de lado, não perdem oportunidades, são firmes de caráter, vencem os opositores da fé e persistem na caminhada em busca do Mestre.
O texto diz que Jesus “ordenou” e não “pediu” para que levassem o cego até Ele. Jesus ordenou... Nesse momento, o Mestre estava dando oportunidade de, não só ao mendigo, mas àqueles que o conduziam de chegarem até sua presença.
Quantas pessoas coloquei aos pés de Cristo? A quantos ajudei a levantar da beira do caminho? Quantos foram os grupos de pessoas que enfrentei para depositar alguém diante do SENHOR?
Com certeza Jesus está dizendo, em resposta à pergunta feita pelo doutor da lei, que levar alguém até Ele faz parte do que devemos fazer para herdar a vida eterna.
O cego de Jericó estava agora diante de Jesus. Nós estaremos, um dia, diante Dele. Como será? O que fazer diante de um Deus onipotente, onisciente, do qual nada podemos esconder? Queremos a vida eterna... Que bússola nos guia?
É fácil retratar a figura de Bartimeu nessa hora. Podemos imaginar um homem rude, pele ardida pelo calor de muitos sóis ao longo da vida, suor escorrendo pelo rosto umedecendo a barba grosseiramente grisalha, desalinhada, olhos sem luz, mas com o coração sobejado de fé, de alegria, por ter a certeza de que estava diante o Criador. Seria muito abstruso tentar lhe descrever o sorriso vitorioso explodindo em seu rosto...
O que sentiríamos se, assim como Bartimeu, estivéssemos frente a frente com Jesus e nos lembrássemos dos muitos erros cometidos, voluntária ou involuntariamente?
Jesus não quer o teu passado. O grupo dos eleitos, o grupo daqueles que Jesus ordenou que trouxessem a si, é povoado por cansados e oprimidos e que optou substituir a escravidão do pecado pela liberdade, existência medíocre, insípida, por vida e vida em abundância.
Pelo arrependimento sincero, por reconhecer a soberania de Deus, por tê-Lo sempre como singular salvador, somos vencedores. A única porta para se chegar à vida eterna é, sem dúvida alguma, alcançada através de Jesus. Ele é o caminho, a verdade... E a vida.
Pr. Antonio Jorge

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