terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Inocência



Estava escuro e trovejando.
Já havia chovido mais forte, porém
lampejos ainda cortavam os céus.
Três cruzes, no topo de um monte, erguiam-se
 para o alto
e delas, três homens pendiam inertes.
A multidão, que minutos antes ali se fazia presente, havia fugido.
Uns apavorados, outros gritando como loucos
sem saber o que fazer ou dizer.
Agora, neste momento,
apenas está ali uma mulher
segurando, pela mão, uma criança.
Estão paradas em frente
à cruz central.
Seus cabelos, em desalinho,
escondem parcialmente
a expressão de espanto em suas faces.
O olhar da criança
parou estarrecido no rosto do
homem da cruz central.
Mamãe, perguntou a garota:
Por que crucificaram este homem?
Por que, mamãe?
A menina ficou sem resposta.
Mãe acho que conheço este homem!
Olhe bem para ele.
Aquela coroa de espinhos
não dá para esconder aquele olhar
de bondade que tinha
no dia em que curou aquele cego.
Por que essa coroa mamãe?
E com tantos espinhos?
Ele não merecia uma de verdade?
Seu rosto está inchado dos socos que lhe deram, mas, por que ele parece estar quase sorrindo?
Olhe mãe,
acho que é ele mesmo.
Lembra do dia em que ele curou aqueles leprosos na rua?
Lembra de como seus olhos pareciam
brilhar? Não é este mesmo brilho de agora?
Não, mamãe, não pode ser ele.
Por que haveriam de matar
na cruz
um homem que fazia tantos milagres?
Como poderiam matar
um homem que só fazia o bem?
Não, não é ele não.
Mas mamãe repare bem,
ele não é muito parecido
com o homem que nos deu peixe
e pão quando nós o seguíamos?
Mamãe, ainda está escuro aqui,
não dá para ver direito,
mas se eu ouvisse a sua voz
saberia com certeza se era ele ou não.
Eu me lembro muito bem
daquele dia que eu ainda não enxergava
e eu ouvi sua voz mandando que eu abrisse meus olhos.
O primeiro rosto que vi na minha vida
foi o dele... e era tão bonito...
Não, não é ele não, mamãe.
Ninguém poderia crucificar um homem
desses entre ladrões.
Vamos mãe, daqui.
Vamos procurar aquele homem!
Quero agradecer-Lhe mais uma vez
e dizer:
Jesus, eu te amo!.
Pr. Ajorge

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