Capítulo VI
Recebendo Bênçãos
Vs.
06 Quando o fizeram, pegaram tal quantidade de peixes
que as redes começaram a rasgar-se.
Simão estava cansado, entristecido pelo
fracasso da pescaria da noite anterior. No peito, entretanto, sentia o ardor
alegre das Palavras de Jesus. Estava ali, naquele momento, um homem prestes a
ser dominado pelo desgaste físico, porém de espírito renovado.
Não perdera a intempestividade que lhe
era peculiar, mas aprendera que não deveria jamais curvar-se à máscara falaz
das circunstâncias. Aprendera a lutar em busca da razão.
É bem provável que, ao pescar durante a
noite, houvesse elevado os olhos em direção aos céus pedindo a captura de algum
peixe. Ele, que cria em Deus, precisava sustentar a família.
A verdade é que pela manhã sentiu-se
derrotado. Encostou o barco na praia. Passou a lavar as redes aceitando no
coração a ilusão de que Deus não havia escutado sua súplica.
Quantas vezes, hoje em dia, nos sentimos
vencidos, choramos aflitos, por pensarmos que Deus não nos ouviu alguma oração?
Será que, como Simão, já não atravessamos longas noites, tentando, com as redes
do desespero, encontrar a porta de saída para nossos problemas?
Não sei se Simão desviou os olhos do
lixo das redes que lavava para fitar Jesus que se aproximava. Onde temos fixado
nosso olhar? Estamos tão absortos quanto Simão que não conseguimos ver o amigo
que se aproxima?
Quando entrou no barco, Simão deixou de
agir por conta própria e passou a seguir o conselho do Mestre. Abriu mão da
experiência pessoal e partiu para águas mais profundas.
Quando se viu no centro da vontade de
Deus lançou as redes. Os olhos brilharam, o coração bateu mais forte. Ele, que
só queria um punhado de peixes, estava diante de tantos que não podia
segurá-los. Precisou de ajuda.
Da mesma forma, quando estamos no centro
da vontade do SENHOR, inevitavelmente receberemos muito mais do que pedimos.
Precisamos desviar os olhos das coisas
que nos impedem de ver Jesus chegando. Ele quer nos lapidar, limpar o diamante
bruto que todos somos para mostrar o brilho esfuziante da Sua imagem e
semelhança. Quer transformar o choro em alegria... Enxugar nossas lágrimas.
Cristo já nos deu, na cruz do calvário,
a maior das bênçãos que alguém pode receber... Morreu por nós. Essa dádiva é
tão grande que somos obrigados a dividi-la com outros.
Precisamos servir a Deus em águas
profundas, amar ao próximo com amor verdadeiro. Caso contrário, seria ilusório
pescar; todos os peixes amealhados voltariam para as profundezas do mar.
Pr.
Antonio Jorge
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