quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Onde está você?


Gn 3:9 Mas o SENHOR Deus chamou o homem, perguntando: “Onde está você?”

           O sol ainda deixava escapar alguns raios que, libertos, espargiam-se em regozijo ameigando a folhagem aveludada de gigantescas árvores enquanto aquecia a terra.
          O final de mais uma tarde instalava-se na atmosfera daquele dia emoldurando graciosamente o solo rico, generoso, separado pelo próprio Deus para abrigar a coroa de Sua recente criação.
          O rio que ali nascia, dividia-se em quatro outros que abraçavam esse jardim oferecendo, além de água, ouro e pedras preciosas, fertilidade sem fim. Depois seguiam silentes, vitoriosos, a espalhar vida por distintos recantos longínquos da terra.
          A brisa da tarde manifestou-se no Jardim do Éden como parte de uma oração contrita da natureza. Deus se fez presente. Adão, e sua mulher Eva, ouvindo os passos do SENHOR, esconderam-se entre folhagens.
          O homem pela primeira vez fugia do criador. É bem provável que os dois tenham prendido a respiração, à procura de silêncio absoluto, na fantasiosa tentativa de permanecerem ocultos.
          Sentiram cada vez mais perto a presença majestosa do REI DOS REIS. A pergunta feita ao homem soou não em forma de um brado estridente, ameaçador, mas como palavras gélidas em seu coração:“Onde está você?”
          No primeiro momento, talvez apenas o cochichar da brisa leve roçando nos galhos floridos serviram como resposta.
          Acuado pela própria consciência, Adão respondeu baixando a cabeça e fixando os olhos no chão:
– “Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi”.
          Esta foi a primeira resposta dada ao Criador. Creio que Adão tenha feito uma rápida análise introspectiva de seus atos, antes de constatar dois fatos aparentemente óbvios e tomar uma decisão errada.
          Adão ficou com medo... Viu que estava nu... Escondeu-se do SENHOR.
          A pergunta ainda reverbera através dos tempos afligindo corações. É pena que nem todos baixem a cabeça e fixem os olhos no chão. Muitos ainda, até hoje, insistem em tomar decisões erradas. Buscam esconderijos nas drogas, no dinheiro, nas sarjetas imundas de uma vida inglória...
          Adão temeu. Sentiu que no ato de desrespeitar a Deus, comendo do fruto proibido, perdera a proteção que o mantinha seguro.
Ao romper o elo de amor, de confiança, nele depositado pelo SENHOR, viu-se vulnerável ao inimigo. É muito provável que seu espírito tenha se esvaziado da alegria que só a presença de DEUS oferece.
          Que faremos, ao cair da última tarde, quando o vento leve nos acariciar a face e sentirmos a presença do Criador se aproximando? Quedaremos amedrontados?
          Em que nossos atos estão em conflito com a vontade de Deus? Em que O desobedecemos?
          Adão percebeu que estava nu. A nudez que viu em si mesmo não pôde disfarçá-la com folhas. Quando se desrespeita o Criador abdicamos de Sua presença, de Seu amor... Ficamos espiritualmente nus, sem amparo, e não adianta evadir-se. Para onde iremos nós? Como fugir de Sua onipresença?
          Um dia, fatalmente haveremos de revelar onde estamos... Por que tentamos debalde nos esconder?
          Assim como Adão, tentaremos nos desculpar e provavelmente lançar a culpa sobre alguém. Eva foi acusada pelo marido de ter-lhe dado o fruto proibido. Esta, por sua vez, acusou a serpente.
          A quem atribuiremos nossas transgressões? Aos “amigos” que nos induziram a toda sorte de pecados? Aos prazeres ilícitos do mundo? A algum homem frustrado que, enganado pelo inimigo e fugindo da verdade, escreveu seu próprio evangelho?
          Deus quer saber onde estamos. Deseja ouvir de nossa própria boca, com palavras impregnadas com a verdade, saídas espontaneamente do coração, não onde estamos fisicamente, mas o que fizemos com o amor que Ele nos ofertou.
          Que desculpas apresentaremos ao Criador quando a derradeira brisa nos tocar o rosto e, diante Dele, compreendermos que não pudemos nos camuflar?
          Como justificar que o sangue vertido pelo Seu Filho na cruz do calvário foi desprezado por nós?
          A PALAVRA DO SENHOR nos diz que só existe um caminho e esse caminho é Jesus. A mesma PALAVRA DO SENHOR diz que todos pecamos... Mas nos mostra uma saída, a porta certa, a atitude sensata que devemos tomar.
          Não podemos nos esquivar ou ocultar da face de Deus, mas poderemos nos arrepender de O termos ofendido.
O arrependimento verdadeiro é o prenúncio do perdão. Sabemos que um coração contrito jamais será desprezado por Deus.
Enquanto houver em nós resquícios de um sopro de vida, poderemos transformar em labaredas ardentes uma tênue brasa de um amor que esquecemos e desvalemos ao longo do tempo.
          O arrependimento verdadeiro nos devolve a exultação de viver, restituindo a aliança feita outrora com o SENHOR.
Um dia, quando ouvirmos Sua voz, não sentiremos o coração congelar, não experimentaremos os aguilhões do medo, da insegurança... Não nos ocultaremos...
Será com júbilo, desfrutando da maior alegria de todas as tardes por nós já vividas, e do gozo máximo sentido provocado pelas incontáveis brisas que já nos beijaram o rosto, que responderemos à pergunta feita a Adão no paraíso: Eis-me aqui SENHOR... Eis-me aqui.
Pr. Antonio Jorge

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