Chegou o momento.
O povo israelita, que há tempos andava pelo deserto, apresentava mais
desânimo que cansaço.
Trôpego, quedou-se às margens do Mar Vermelho. A face das muitas mulheres
e crianças estampava o mesmo pavor que a dos homens valentes de guerra. A
esperança de chegar à Terra Prometida esvaíra-se mesclando-se à areia do
deserto.
Apenas o cântico macambúzio da derrota, emitido por corações acovardados,
ecoava taciturno em conluio com
o bramir das ondas do mar.
Guiados por Moisés fugiam da escravidão humilhante do Egito, país no qual
serviram como amimais a um governante supremo, cujo coração endurecido não
conhecera a José, filho de Jacó, filho de Isaac, filho de Abraão.
A escapada terminara ali. Diante deles o Mar Vermelho. Atrás, o exército
sanguinário do faraó que os perseguia. Nesse momento, entre lamúrias e queixas,
antevendo a derrocada final, lembrou-se o povo do Deus de seus pais.
Em uníssono um brado de socorro ao Criador alcançou as nuvens dos céus.
Aqueles homens tentaram deixar o problema da escravidão no passado, mas
foram seguidos de perto por ele.
Este fato se assemelha a muitos hoje em dia. Quantos de nós tentamos nos
livrar de dificuldades deixando-as para trás, esquecidas, e não conseguimos?
Problemas não resolvidos permanecem... Não se diluem no tempo...
Acompanham-nos sempre. São como o exército de faraó em nossos calcanhares.
Quando encurralados, o grito de socorro é iminente. Mas a quem recorrer?
A quem reclamar? Inicialmente clamamos por Deus, porém nossas atitudes refletem
isso?
Os israelitas, cercados pelo mar e pela hoste do faraó, clamaram pelo
SENHOR, mas procuraram Moisés para reclamar e culpá-lo por aquela situação.
Disseram: “Não havia túmulos no Egito? Por que nos trouxeste para morrer no deserto?”.
Não extinguiremos um problema jogando a culpa em alguém. Ele continuará
existindo mesmo assim. A melhor maneira de resolvê-lo é enfrentando-o. Um dia,
muitas vezes quando menos esperamos, chega a hora do confronto.
Nesse dia da batalha, o povo de Deus sentia-se derrotado, sem nenhuma
perspectiva de vitória. Entre lágrimas de pavor e covardia declararam a Moisés:
“Deixe-nos em paz! Seremos
escravos dos egípcios! Antes ser escravos dos egípcios do que morrer no
deserto!”.
Hoje pode ser o dia no qual
obrigatoriamente teremos que batalhar com esse problema que nos persegue há
tempos. Como estamos nos sentindo? Acovardados? Derrotados? Deixamos de ter
esperança no Deus que por muitas vezes já nos socorreu? De que tamanho está a
nossa fé?
Quando
desistimos de uma batalha, seja qual for, pelo resto da vida teremos que nos
acomodar à lama do sofrimento que nos cerca. Declaramos a todos, e principalmente
a nós mesmos que somos covardes... Que preferimos nos arrastar pela vida que
não é nossa, mas que nos foi imposta pelo inimigo.
Na
hora da angústia, é preciso olhar para dentro de nós mesmos e buscar o último
lampejo da vela que um dia iluminou nossas vidas. Esse chispo, esse derradeiro
brilho que nunca nos desampara é Jesus, o SENHOR dos senhores.
Quando
tudo está aparentemente perdido, quando nada nos favorece, quando todos já te
chamam de inútil, busca no fundo do coração aquela velha manjedoura que foi
esquecida ao longo do tempo. Oferece-a para Jesus... Deixa que Ele nasça em teu
coração... Esse coração que foi transformado traiçoeiramente em estrebaria
haverá de tornar-se alegre e destemido.
Com
certeza, nesse dia receberás um cajado, semelhante ao de Moisés, e atravessarás
o “mar vermelho” dos teus problemas a pés enxutos.
Pr. Ajorge
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